Mulheres negras no mercado informal
- joiceantero
- 17 de dez. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 20 de dez. de 2018
Segundo IPEA mulheres negras são 46,7% vivendo do trabalho
informal

Atualmente segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) nas seis maiores regiões metropolitanas do país, as mulheres negras são 46,7% vivendo do trabalho informal. A situação é reflexo da desigualdade econômica e social do país, também tem ligação histórica com o racismo. As mulheres negras eram a principal fonte de renda dos lares após conseguir abolição, e geralmente recorriam a atividades de comércio informal para sobreviver. Acontece que essa situação permanece frequente ate hoje, e em muitos casos ocorre por conta das dificuldades encontradas pelas mulheres negras de se inserir no mercado de trabalho. Geralmente mulheres jovens e com baixa escolaridade, esse é o tipo de perfil da mulher do mercado informal, que para conseguir uma renda e garantir o sustento da sua família recorrem a essa atividade, pois geralmente não conseguem emprego formal dentro das normas da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Estética
O racismo o ultrapassa inclusive, aspectos estéticos. Em muitos casos, as próprias pretas e pardas têm em mente um ideal de beleza europeu e, em outros, há cobranças para que elas se sujeitem a ele. Situações como essas, são um dos principais fatores das altas taxas de mulheres negras fora do mercado formal. Discriminação estética, e até exclusão por conta do uso de cabelo crespo, vestimentas características africanas.
Educação
Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
em 2015, levantou que entre as mulheres brancas com 15 anos de idade ou mais, 4,9% eram analfabetas. No caso das mulheres jovens negras, este percentual era mais que o dobro 10,2% . A média de estudo cresceu para todas as mulheres, mas a discrepância do nível de escolaridade entre negras e brancas permanece. Em 1995, mulheres brancas tinham em média 6,1 anos de estudo e mulheres negras 4,2 anos. Em 2015, a média de estudo das mulheres brancas cresceu para 8,5 anos, enquanto a mulher negra tem em média 7,1 anos de estudos.
Segurança
As mulheres ambulantes negras, ainda são muito vulneráveis aos tipos de agressão e assédio. Agressões essas que vão de ofensas verbais até mesmo assédio sexual, por parte de clientes e até mesmo outros vendedores. A questão da vulnerabilidade em relação a roubos também é um assunto delicado, pois muitas já relataram passar pela situação. A falta de regulamentação de alguns vendedores, e a apreensão de mercadorias, a abordagem agressiva por parte dos agentes de órgãos públicos também é outra situação enfrentada pelas ambulantes.
Instabilidade Financeira
A questão da instabilidade financeira, e a falta de opção é o principal motivo das mulheres negras optarem pelo mercado informal. A maioria com baixa escolaridade, geralmente já trabalharam como empregadas domésticas. A independência financeira e flexibilidade de horário também são um dos atrativos para as mulheres que exercem a profissão, já que na maioria dos casos as mulheres se dividem entre a criação dos filhos e o trabalho. A instabilidade por não ter uma renda fixa, e a falta de assistência e garantia dos
direitos básicos trabalhistas é outra vertente delicada do mercado informal, principalmente no caso das mulheres que perdem o direito ao auxílio maternidade, além de outros benefícios como férias e décimo terceiro salário.
Por Joice Antero
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