RUPTURAS
- joiceantero
- 25 de jul. de 2020
- 1 min de leitura

J.Antero
Desde o ventre de minha matriarca
Eu não tive escolha
Herdei naturalmente a força e ancestralidade que corre nas veias
Herdei também muitas dores
Algumas silenciadas
Nasci de um contexto improvável
Nunca foi fácil
Nem macio está na minha PELE
Demarquei meu lugar
Na RAÇA, leia-se raça com unhas e dentes
E lágrimas também
Lutas regadas a marcas
Marcas deixadas na alma
São combustível
Mas um combustível corrosivo
Imaginem ser julgada
Por algo que não escolheu
E se orgulha
Amo minha COR
Meus traços
Minha história
Eu sou PRETA
Eu tenho cabelo crespo, trançado, raspado, alisado
Eu sou MULHER
Eu não quero ser vista como menos
Não quero ser invisibilisada
Não quero ser hipersexualizada
Quero e EXIJO ser respeitada
Aliás é meu DIREITO
Eu nem deveria PEDIR
Sigo quebrando narrativas
Rompendo DESIGUALDADES
Semeando luta e mudanças
Na esperança de mudar minha rota
Mas trago toda minha família
Todo meu laço
Trago outras MULHERES comigo
Eu não venho sozinha
Trago em minha caminhada muitas das minhas
Dandaras, Marias, Julianas, Cláudias, Franciscas
Que em passos pequenos também seguem desbravando e rompendo barreiras
Algumas pesadas inclusive
Empodero mulheres e meninas que não conheço
Mulher NEGRA que resiste e LUTA
Cada uma no seu TEMPO
No seu espaço e MOMENTO
Todas nós somos INSPIRADORAS
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