SEMINÁRIO SOBRE TECNOLOGIA SUSCITA QUESTIONAMENTOS EM TRABALHADORES
- joiceantero
- 13 de ago. de 2018
- 5 min de leitura

O SINTERP/BA foi convidado a participar do seminário Techdays 2018 – Etapa Salvador, que ocorreu no dia 9 de agosto, no Hotel Golden Park. Realizado pela EMBRASEC – Editora e eventos e com apoio da ABERT E ABART. O seminário, com a finalidade de atingir o público dos radiodifusores, abordou e apresentou temáticas sobre as novas tecnologias no mercado do segmento radiofônico. Abrangeu temáticas relacionadas à migração do rádio AM para FM, Fake News, vendas e novas tecnologias. Esta concentração de palestras sobre novas tecnologias para Radialistas dá-se num momento em que a tecnologia ganha força na radiodifusão, ao mesmo tempo em que postos de trabalho vão sendo retirados para dar lugar a equipamentos sofisticados e trabalhadores vão sendo substituídos cada vez mais por máquinas. Produtos digitalizados vão sendo criados e as emissoras estão se ligando à internet e às redes sociais. O evento trouxe assuntos técnicos, fake news, migração do AM para FM e fez muita propaganda de equipamentos nem tão novos assim, uma vez que diretores de empresas de tecnologia palestraram sobre o funcionamento de seus produtos, alguns já há anos no mercado. Eles falaram sobre transmissores, processadores de áudio, todos digitais, mas esqueceram de falar da formação do que está por trás da máquina: o ser humano e o seu pensamento. Falaram em como aumentar a receita das emissoras e criar fidelidade com o ouvinte, deixando de lado o conteúdo que esta emissora vai transmitir, além, é claro, de produtos de pet shops e programas de cozinha.
Visão sindical
O Secretário de finanças e representante do SINTERP/BA Everaldo Monteiro, foi convidado para fazer a abertura do evento e se posicionou diante das propostas apresentadas como temáticas, salientando que se tratava de uma visão como representante da outra face, os trabalhadores. Em sua fala Everaldo analisou as propostas de ataques agressivos em termos de competição mercadológica para alcançar um maior número de público e lucros, traçou um comparativo cultural entre as rádios brasileiras e de outros países, resgatando que apesar da desvalorização do AM no Brasil e da migração totalitária do AM para o FM, em outros países, as rádios locais tem uma visibilidade diferenciada. “Estão dizendo que o AM não atende mais a sociedade, não tem valor para o comércio, não pode atingir o público, mas ele tem um poder de alcance melhor e um público fiel. Não se criou nenhum tipo de mecanismo de inovação tecnológica para podermos ouvir o AM. Isso deixou o mundo do AM capenga, o alcance dele vai ser bem menor. Quem está fora, quem busca outros horizontes continua ouvindo aquela radiozinha do seu povoado, seja no grande centrão ou então nas suas regionais, ele quer ouvir a rádio da cidade dele. E diferente do que dizem, o AM não morreu. Em alguns países como Canadá e Inglaterra, eles estão retornando o processo do AM. No AM você precisa contratar operador de transmissores, operadores de mesa, operadores de áudio, sonoplastas, e aí tem dois, três locutores, você tem o repórter, você tem uma série de profissionais. O FM foi criado para quem? Só para o mundo do empresariado”? – indagou. Finalizou elucidando a importância de fiscalização e cobrança por parte dos poderes públicos que também têm sua parcela de responsabilidade, para garantir um controle e retorno por parte das empresas com a criação de postos de trabalho e a garantia de direitos dos trabalhadores que exercem suas profissões. Conversamos com a organizadora e apresentadora do seminário Ana Maria Faria de Oliveira, diretora geral da EMBRASEC Editora e Eventos, que ressaltou que as tecnologias e a internet são avanços importantes e podem potencializar e ampliar o alcance do rádio, e que não é possível retroceder estes avanços tecnológicos e novos formatos, mas novas profissões serão geradas e os profissionais terão que se adaptar tanto no segmento radiofônico como em outros setores, pois os avanços reconfiguram as relações de trabalho e produção.
Fake News
O jornalista Chico Viana falou sobre “Fake News, a mentira com cara de verdade” e pontuou que elas não podem ser combatidas com censura. Só não disse o que seria censura . Faltou ele falar que no Brasil a imprensa elege e depõe presidentes baseado em fake news e nada disso pode ser censurado em nome da liberdade de expressão. Para ele, os fatos são mais fortes, mas ás vezes demoram a aparecer. Ele afirmou que as fake news existem há muito tempo, mas agora são ampliadas pela internet. É preciso ter capacidade de seleção das notícias. Lembrou que as fake news que devem nos interessar são aquelas que estão próximas de nós e precisamos nos engajar na luta para combatê-las.
Conteúdo vencedor
Robson Ferri, da RF Mídia (SP), falou sobre “A importância de um conteúdo vencedor para sua rádio” , afirmando que as pessoas estão procurando por conteúdo e quem comunica tem que viver o conteúdo. Tem que ter um conteúdo conectado com a realidade das pessoas e ao mesmo tempo provocar uma experiência. Mas o conteúdo apresentado por ele é romance, tecnologia, animais, cozinha. Será que é só sobre isso que as pessoas se interessam. De que adianta o conteúdo ser bem apresentado, com criatividade, se só vai encher a cabeça das pessoas com besteiras?
Migração AM/FM e novas tecnologias
Monique Branquinho, da Biquad Tecnologia, falou sobre “Inovação como diferencial para sua emissora”, ressaltando que a única maneira de eliminar a crise é criar. Apresentou a tecnologia da Biquad, nem tão criativa assim e já há tempos no mercado.
O diretor da ABERT, André Cintra, falou da “Migração AM/FM: nova etapa, novos desafios”, afirmando que as rádios AM apresentavam chiadeira, má qualidade e muito gasto de energia e deveriam migrar, mas não explicou com que critérios as concessões são passadas. Também esqueceu de dizer que as FMs gastam muito mais em equipamentos que as AMs, sendo mais rentáveis para a indústria tecnológica.
Carolina Sasse, da CADENA Sistemas, discutiu sobre “Transformar o on line em audiência e vendas” e mencionou maneiras de atingir o ouvinte de forma on line. Para ela, é preciso conhecer o ouvinte e trabalhar a base para oferecer campanhas segmentadas, como o facebook e o Instagram fazem.
Rita Faustino, da MGE Broadcast falou sobre “Início de uma nova era em transmissores broadcast” e tentou vender o produto da sua empresa como os palestrantes anteriores.
“O perfil do vendedor atual” foi a palestra de Newton Gaigher comentando como ampliar o faturamento da publicidade na rádio, com novas ferramentas para vender comercial, projetos especiais (promoção, mágica na loja, sorteio), interagir com a internet, etc.
Finalizando, tivemos “O rádio em tempos de internet”, com Ricardo Fadul. Ele falou sobre ferramentas gratuitas para fazer o blog da emissora, conversão das mídias e outras inovações trazidas pela internet.
O público alvo deste seminário são os profissionais de rádio e tv, tendo atingido mais de dois mil profissionais em todo o Brasil. Está na sua 26ª edição. Mas é claramente voltado aos empresários da comunicação, trazendo produtos tecnológicos somente acessíveis aos donos de emissoras. O trabalhador fica só olhando e demonstrando interesse, mas não pode comandar nem adquirir nada, sendo apenas um fantoche nas mãos do patrão.
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